Durante sustentação oral no STF nesta quarta-feira, 3, o advogado Andrew Fernandes Farias rebateu a acusação de que o general Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira, ex-ministro da Defesa, teria pressionado comandantes militares a aderirem a uma insurreição em reunião realizada no dia 14 de dezembro de 2022.
Segundo a denúncia da PGR, o encontro no Ministério da Defesa teve como objetivo “pressionar os militares a aderirem a uma insurreição”. O advogado contestou a versão, destacando que nenhum dos comandantes militares afirmou ter sofrido qualquer pressão.
Ele citou o depoimento do então comandante do Exército, general Freire Gomes, que foi categórico ao negar qualquer tentativa de indução: “De maneira alguma”. Para Farias, a insistência da acusação em usar o verbo “pressionar” deturpa os fatos.
O advogado ainda recorreu a referências literárias, lembrando Ariano Suassuna e Lewis Carroll, para reforçar a ideia de que o uso impreciso de palavras pode distorcer a realidade.
Assista:
Ele citou diálogo entre Alice (Alice Através do Espelho) e Humpty Dumpty, em que o personagem afirma: "Quando eu uso uma palavra, ela significa exatamente aquilo que eu quero que signifique, nem mais, nem menos."
Alice, por sua vez, pondera: "a questão é saber se o senhor pode fazer as palavras dizerem coisas diferentes."
Humpty responde: “a questão é saber quem é que manda, é só isso”.
Para Farias, a acusação recorreu justamente a esse artifício de manipular o sentido das palavras ao usar o termo “pressionar” sem respaldo nas provas dos autos.
Assista:
Minutos atrás ele citou a própria sogra para dizer que "às vezes, palavras são como um punhal".