O 7 de Setembro, símbolo da independência nacional, foi usado em 2021 como palco para ataques às instituições democráticas.
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Quatro anos depois, durante o julgamento da chamada "trama golpista", o procurador-geral da República, Paulo Gonet, rememorou os discursos do então presidente Jair Bolsonaro, proferidos na data comemorativa, nos quais o tom de radicalização atingiu novo patamar.
Segundo Gonet, Bolsonaro aproveitou o prestígio da data cívica para insuflar sua base contra ministros do STF e do TSE, atacando o sistema eletrônico de votação, que chamou de "farsa".
O procurador destacou que os principais alvos foram os ministros Luís Roberto Barroso e Alexandre de Moraes, à época presidentes do TSE e do inquérito das fake news no Supremo, respectivamente.
O ponto mais grave, contudo, teria se dado quando o ex-presidente elevou o tom contra o então presidente do STF, ministro Luiz Fux, lançando uma ameaça direta: "ou o chefe desse Poder enquadra o seu, ou esse Poder pode sofrer aquilo que não queremos".
Para Gonet, não se tratava de um arroubo isolado, mas de evidência de um "projeto autoritário" em curso.
Confira e relembre:
O procurador ainda mencionou que as falas foram acompanhadas por manifestações nas ruas, com faixas pedindo intervenção militar, e pela recusa pública de Bolsonaro em admitir uma alternância democrática.
Em meio às celebrações da Pátria, o ex-presidente afirmou:
"Só saio preso, morto ou com vitória. Quero dizer aos canalhas que nunca serei preso."
Com a lembrança feita em plenário, Gonet buscou mostrar que o 7 de Setembro de 2021, longe de ser apenas mais um feriado cívico, marcou a escalada da animosidade contra o Judiciário e a rejeição explícita às regras do jogo democrático.