Durante seu voto no julgamento sobre tentativa de golpe de Estado, que tem como réu o ex-presidente Jair Bolsonaro e ex-integrantes de seu governo, o ministro Flávio Dino destacou a violência inerente ao planejamento da organização criminosa.
Ele lembrou que um dos planos golpistas recebeu o nome de “Punhal Verde e Amarelo”, e não “Bíblia”, como metáfora de paz.
“O nome do plano não era Bíblia Verde Amarela. Era Punhal Verde e Amarelo. Os acampamentos não foram na portas de igreja.”
O ministro citou sua própria fé religiosa para ilustrar a diferença entre um protesto pacífico e a conspiração revelada nos autos.
“Se você está com intuito pacifista, e você tem uma irresignação, você vai à missa, vai ao culto. Ou, quem sabe, até acampa na porta da igreja. Mas não, os acampamentos foram na porta de quartéis. E eu sei que se reza nos quartéis, mas, sobretudo, nos quartéis há fuzis, metralhadoras, tanques.”
Para Dino, a escolha do nome e o local das manifestações mostram que a violência estava no cerne da estratégia golpista: “a violência é inerente a toda a narrativa que consta dos autos”.
Julgamento
O julgamento em curso no STF analisa a responsabilidade de Bolsonaro e aliados em uma organização criminosa que teria atuado entre 2021 e 2023 para desacreditar o sistema eleitoral, conspirar contra o Judiciário e tentar impedir a posse do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva.
O relator, Moraes, votou para condenar os oito réus em julgamento.
- Processo: AP 2.668