O presidente do STF, ministro Luís Roberto Barroso, afirmou nesta quinta-feira, 11, que o julgamento da ação penal envolvendo a tentativa de golpe de Estado em 2022 marca o fim dos “ciclos do atraso na história brasileira”. A declaração foi feita ao final da sessão da 1ª turma que condenou o ex-presidente Jair Bolsonaro e outros sete réus.
Embora não tenha participado da votação, Barroso esteve presente na sessão e encerrou os trabalhos em nome do presidente da turma, ministro Cristiano Zanin.
Em sua fala, o ministro destacou que a análise foi pública, transparente e baseada em amplo conjunto probatório, incluindo vídeos, textos, mensagens e confissões. Segundo ele, apenas o desconhecimento dos fatos ou motivações dissociadas da realidade poderiam levar à leitura de que houve perseguição política.
Barroso observou que o respeito à divergência é parte da vida democrática e enfatizou que “pensamento único só existe nas ditaduras”. Para o ministro, a mensagem central do julgamento foi reafirmar o compromisso com as regras do jogo democrático, as instituições e o respeito aos resultados eleitorais.
Assista ao discurso:
O presidente do STF afirmou que o Tribunal cumpriu “missão importante e histórica” ao julgar autoridades civis e militares pela tentativa de golpe, com base em provas acessíveis a todos. Ele ressaltou que a tarefa foi cumprida com “coragem e serenidade”, ainda que nenhum dos envolvidos saísse satisfeito.
Barroso declarou acreditar que parte das incompreensões atuais será reconhecida no futuro como relevante para a consolidação institucional. “Acredito que nós estejamos encerrando os ciclos do atraso na história brasileira, marcados pelo golpismo e pela quebra da legalidade constitucional”, afirmou.
O ministro também expressou o desejo de que o país vire uma página, pacifique o ambiente político e avance em uma agenda comum. Defendeu a construção de relações baseadas em boa-fé, boa-vontade e justiça, sem intolerância ou extremismo, com divergências naturais próprias da democracia.