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Investidor que teve conta invadida e perdeu criptoativos será ressarcido

Mesmo com uso de autenticação de dois fatores, plataforma não conseguiu demonstrar autenticidade de transações realizadas durante a madrugada.

31/10/2025

Empresa de serviços tecnológicos e financeiros foi condenada ao pagamento de R$ 159,5 mil a investidor que teve criptoativos subtraídos após invasão de conta em plataforma durante madrugada.

Na decisão, a juíza de Direito Luciana Biagio Laquimia, da 17ª vara Cível de São Paulo/SP, reconheceu que houve falha na prestação de serviço, determinando o ressarcimento integral do prejuízo.

O investidor relatou que sua conta sofreu movimentações fraudulentas, incluindo conversões em bitcoins e quatro saques que totalizaram o valor da condenação. Segundo afirmou, as operações ocorreram enquanto dormia, a partir de endereço de IP distinto e, embora tenha recebido e-mail de alerta da empresa, não houve bloqueio preventivo das transações.

Em defesa, a empresa alegou que as movimentações foram regulares e autenticadas por fatores de segurança do e-mail e do Google Authenticator, ambos habilitados pelo próprio cliente.

Argumentou ainda que as transações ocorreram a partir de um dispositivo localizado na mesma cidade, o que afastaria qualquer indício de falha no sistema. Diante disso, sustentou culpa exclusiva de terceiro e negligência do consumidor por não adotar medidas adequadas de proteção das credenciais.

Investidor que perdeu criptomoedas após invasão de conta em plataforma será ressarcido.(Imagem: Freepik)

Ao analisar o caso, a magistrada destacou que a empresa não comprovou a autenticidade das operações, tampouco demonstrou a eficiência dos mecanismos de segurança empregados.

Conforme destacou, o alerta eletrônico enviado durante a madrugada não impediu o prejuízo, pois o consumidor não teve tempo hábil para reagir à invasão. Além disso, segundo pontuou, o descompasso entre as transações e o perfil do investidor não foi considerado pela empresa.

Ao reconhecer a aplicação do CDC, determinou a inversão do ônus da prova, enfatizando que cabia à empresa comprovar a regularidade das operações e a segurança do sistema, o que entendeu não ter ocorrido.

Por fim, ressaltou que “a atuação de terceiro não afasta a responsabilidade da parte ré pelo dano causado, decorrente da ineficiência de seus mecanismos de segurança”.

Com isso, fixou indenização de R$ 159,5 mil, com correção monetária desde o evento danoso.

Para o advogado Leo Rosenbaum, sócio do escritório Rosenbaum Advogados, “a sentença é relevante por reafirmar que, no ambiente digital, as empresas que intermediam operações financeiras têm o dever de adotar medidas eficazes de proteção contra fraudes".

O processo tramita em segredo de Justiça.

Veja a versão completa

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