Juíza afasta Torcida Jovem do Flamengo de eventos esportivos por dois anos
Decisão levou em conta tumultos e atos de violência registrados no retorno da organizada aos estádios.
Da Redação
quarta-feira, 17 de setembro de 2025
Atualizado às 14:20
O Juizado Especial do Torcedor e dos Grandes Eventos do Rio de Janeiro determinou o afastamento da Torcida Jovem do Flamengo, assim como de seus associados e membros, de qualquer evento esportivo no país pelo prazo de dois anos.
A decisão foi fundamentada em relatório do Bepe - Batalhão Especializado em Policiamento em Estádios, da Polícia Militar, que apontou a participação de integrantes da torcida em tumultos, roubos, invasões e agressões ocorridas em 31 de agosto de 2025, no entorno e após partida realizada no Maracanã.
A juíza também deixou de homologar o TAC - Termo de Ajustamento de Conduta, firmado pela organizada em 28 de agosto com o Ministério Público e o batalhão especializado, que permitiria o retorno da torcida aos estádios.
Ela destacou que, já no primeiro jogo após a autorização para retornar, em 31 de agosto, integrantes da organizada voltaram a se envolver em uma série de incidentes. Foram relatados tumultos, danos a estações da SuperVia, invasões à linha férrea que atrasaram a circulação dos trens, pichações e depredações de patrimônio público e privado, além de confrontos generalizados.
Segundo a decisão, também ocorreram invasões a ônibus, torcedores "surfando" em coletivos, um integrante urinando em veículo da Polícia Militar e divulgando o ato nas redes sociais, roubo de bebidas de um ambulante no setor Norte do estádio e, após o término da partida, agressões a torcedores vascaínos em Copacabana. Para a juíza, a violência extrapolou os limites dos estádios, espalhando-se por diferentes regiões da cidade e exigindo constante atuação policial.
Histórico de punições
A ação civil pública foi ajuizada em 2015, após episódios de violência em jogos contra Macaé e Botafogo. Na ocasião, a Justiça determinou o afastamento imediato da torcida, com multa de R$ 20 mil por descumprimento.
Em 2021, sentença confirmou a medida e fixou a proibição por três anos, além de condenar a Torcida Jovem ao pagamento de R$ 50 mil por dano moral coletivo. Apesar disso, em 19 de agosto de 2025, a organizada, o Ministério Público e o Bepe assinaram um "termo de adesão" que permitia a volta aos jogos, mesmo antes da homologação judicial do TAC.
No entanto, os novos incidentes relatados levaram o juízo a concluir que, passados dez anos do início da ação, persistem práticas semelhantes às que motivaram a medida inicial, agora consideradas ainda mais graves. A decisão invocou o artigo 5º da Constituição para destacar a necessidade de resguardar os direitos à vida e à segurança da coletividade.
Impacto em outras torcidas
A juíza também determinou que relatório recente do Bepe sobre episódios envolvendo outras organizadas - Fúria, Força Jovem do Vasco e Jovem do Botafogo - seja anexado aos respectivos processos, para análise de eventual rescisão dos TACs já homologados. Além disso, ordenou que a decisão fosse comunicada ao próprio Bepe, à Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro e à CBF.
- Processo: 0003101-79.2015.8.19.0207
Lei a decisão.