STF: Barroso encerra presidência citando Calamandrei e Vinicius de Moraes

Ao se despedir da presidência do STF, nesta quinta-feira, 25, ministro Luís Roberto Barroso fez um pronunciamento marcado por reflexões pessoais, máximas que o inspiram e um desejo de pacificação para o Brasil.

Logo no início, citou o jurista Piero Calamandrei: "Para encontrar a justiça, é necessário ser-lhe fiel. Ela, como todas as divindades, só se manifesta para quem nela crê."

E acrescentou: "Com boa-fé e com boa vontade, quase tudo é possível nessa vida".

Barroso também ressaltou a importância do trabalho coletivo.

"Ninguém é bom em tudo e, sobretudo, ninguém é bom sozinho. Na verdade, nenhum de nós é tão bom quanto todos nós juntos."

Para o ministro, essa união foi o que deu ao Supremo a força necessária para resistir nos últimos anos, em diálogo com a sociedade civil e a imprensa.

Em tom de ensinamento, observou:

"Os filhos não prestam atenção no que a gente fala, prestam atenção no que a gente faz. A gente ensina sendo."

Ao falar sobre o futuro do país, defendeu a convivência pacífica entre diferentes.

"Pacificação não significa abrir mão das convicções. Tem a ver com civilidade, com respeitar o outro na sua diferença e compreender que quem pensa diferente de mim não é meu inimigo, é meu parceiro na construção de uma sociedade aberta e plural."

Ainda, citou Vinicius de Moraes para reforçar que o que completa cada pessoa é a relação com o outro, na diversidade.

"Bastar-se a si mesmo é a maior solidão."

Confira:

Para concluir, retomou uma metáfora usada em sua sabatina no Senado:

"Viver é andar numa corda bamba. Às vezes parece que estamos voando, mas é apenas equilíbrio. Se acreditarmos que estamos voando, caímos. E na vida real não há rede."

Segundo Barroso, a jurisdição constitucional deve ser exercida como a própria vida.

"Com integridade, civilidade, idealismo, bom humor sempre que possível, mas, sobretudo, com humildade. É com esse sentimento que encerro a minha presidência. Está encerrada a sessão."