PF abre inquérito sobre metanol e governo estabelece protocolo de ação
Três mortes e dez casos suspeitos em São Paulo acenderam alerta sobre bebidas adulteradas.
Da Redação
terça-feira, 30 de setembro de 2025
Atualizado às 11:35
A Polícia Federal abriu inquérito para investigar os casos de intoxicação por metanol registrados em São Paulo e a possível distribuição de bebidas adulteradas para além das fronteiras do estado. A decisão foi anunciada nesta terça-feira, 30, pelo ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, após a confirmação de 14 ocorrências suspeitas. Até agora, três mortes foram oficialmente atestadas, entre elas a de um advogado, Marcelo Lombardi.
Segundo o ministro, há indícios de que a rede de adulteração tem alcance interestadual, o que justifica a atuação da PF. "Tudo indica que há uma distribuição para além do Estado de São Paulo, o que atrai a competência da Polícia Federal."
O ministro da Justiça, Lewandowski, destacou que a adulteração de produtos é crime capitulado no CP (art. 272), e a venda e distribuição de produltos adulterados também é crime, de acordo com o Código do Consumidor.
Protocolo de ação
Em reunião extraordinária realizada na segunda-feira, 29, o Comitê Técnico do Sistema de Alerta Rápido do governo Federal definiu um protocolo emergencial para enfrentar a crise. O encontro reuniu representantes do MJSP, Ministério da Saúde, Ministério da Agricultura e Pecuária, Anvisa, Receita Federal, Polícia Científica de São Paulo, Instituto Médico Legal, além de organismos internacionais.
Entre as medidas, estão:
- emissão de alerta nacional pela Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon/MJSP) aos Procons de todo o país;
- monitoramento em tempo real dos casos suspeitos pelo SAR;
- reforço da notificação de intoxicações em toda a rede de urgência e emergência do SUS;
- levantamento de informações pelo Ministério da Agricultura para apoiar ações de fiscalização.
O Ministério da Saúde orientou unidades de atendimento a redobrar a vigilância para sintomas característicos de intoxicação exógena.
Mudança de padrão
Autoridades destacaram que o atual surto é inédito. Até então, registros de intoxicação por metanol estavam ligados ao consumo de álcool adulterado em postos de combustíveis, geralmente envolvendo pessoas em situação de vulnerabilidade.
Desta vez, os pacientes relataram ingestão de bebidas destiladas em ambientes sociais, como bares e restaurantes, incluindo gin, uísque e vodca.
Sintomas e recomendação
A ingestão de metanol é considerada uma emergência médica. A substância, ao ser metabolizada, gera compostos como formaldeído e ácido fórmico, altamente tóxicos. Os principais sintomas são:
- visão turva ou perda súbita da visão;
- náuseas, vômitos e dores abdominais;
- sudorese, confusão mental e convulsões.
Em caso de suspeita, o governo orienta procurar imediatamente atendimento de urgência e contatar serviços especializados como o Disque-Intoxicação da Anvisa (0800 722 6001) ou o CCI-SP (0800 771 3733).

