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Pejotização: Entidades convocam ato em defesa da Justiça do Trabalho

Associações alertam para riscos de precarização do trabalho e repudiam decisão do ministro Gilmar Mendes que suspendeu ações envolvendo "pejotização".

5/5/2025

Na próxima quarta-feira, 7, será realizada manifestação em defesa da competência constitucional da Justiça do Trabalho. O ato é convocado pela Anamatra - Associação Nacional das Magistradas e dos Magistrados da Justiça do Trabalho, pela ANPT - Associação Nacional dos Procuradores e das Procuradoras do Trabalho e pela Abrat - Associação Brasileira da Advocacia Trabalhista.

As entidades publicaram manifesto conjunto em que expressam preocupação com os impactos da recente decisão do ministro Gilmar Mendes, do STF, que suspendeu, em todo o país, o andamento de processos trabalhistas que discutem a legalidade da contratação de pessoas físicas como pessoas jurídicas — a chamada "pejotização".

Anamatra, ANPT e Abrat convocam ato em defesa da Justiça do Trabalho.(Imagem: Freepik)

Críticas à suspensão dos processos

No documento, as associações destacam que a decisão do ministro ameaça a efetividade dos direitos trabalhistas ao impedir que os juízes analisem casos concretos com base em provas e fatos.

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Elas ressaltam que a CF, especialmente após a EC 45/04, assegura à Justiça do Trabalho competência ampla para julgar todas as ações decorrentes das relações de trabalho, e não apenas aquelas baseadas em vínculos formais de emprego.

"O surgimento de novos modelos de organização laboral não afasta a competência da Justiça do Trabalho", afirmam as entidades, alertando que admitir a "pejotização" com base exclusiva em contratos formais, sem análise da realidade da prestação de serviços, representa um perigoso precedente para a precarização.

Primazia da realidade

Outro ponto central do manifesto é a defesa do princípio da primazia da realidade — pilar do Direito do Trabalho segundo o qual a verdade dos fatos deve prevalecer sobre os documentos formais.

As associações argumentam que é função da magistratura trabalhista apreciar ações que envolvam contratos de prestação de serviços, ainda que isso não implique, necessariamente, no reconhecimento de vínculo empregatício.

A suspensão das ações, dizem, vai de encontro ao princípio da celeridade processual previsto na CF e retira dos trabalhadores e demais atores sociais a possibilidade de resolver conflitos em um espaço institucional preparado para lidar com a complexidade das relações de trabalho.

Impacto econômico e social

O manifesto também chama atenção para os prejuízos decorrentes da "pejotização" no âmbito previdenciário e fiscal, especialmente no que se refere às contribuições para o INSS, FGTS e o sistema “S”, responsável pela qualificação de trabalhadores no país.

Compromisso com a Constituição

Por fim, as entidades reafirmam o compromisso com a democracia, com o diálogo público e com o respeito irrestrito à força normativa da CF.

A manifestação do dia 7, segundo os organizadores, será um ato de defesa não apenas da Justiça do Trabalho, mas da dignidade do trabalhador e da Justiça Social garantida pela Constituição.

Veja a versão completa

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