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08 de janeiro

Cid: Braga Netto entregou dinheiro para acampamentos em caixa de vinho

O tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do então presidente Jair Bolsonaro, revela ao STF informações sobre o financiamento dos atos golpistas de 2022.

Da Redação

segunda-feira, 9 de junho de 2025

Atualizado às 19:13

O tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do então presidente Jair Bolsonaro, revelou nesta segunda-feira, 9, em depoimento ao STF, que o general Braga Netto o entregou pessoalmente uma quantia em dinheiro para financiar atividades ligadas às manifestações que contestaram o resultado das eleições presidenciais de 2022. O valor, segundo Cid, foi entregue "dentro de uma caixa de vinho", repassada ao general major Rafael Martins de Oliveira.

A declaração foi prestada no âmbito das investigações sobre tentativa de golpe de Estado, nas quais Cid figura como delator.

Caixa de vinho

De acordo com o depoimento, dois dias após o segundo turno das eleições, o major de Oliveira procurou Cid dizendo precisar de recursos financeiros. Cid disse que "pareciam que queriam trazer pessoas do Rio de Janeiro, agluma coisa assim". Inicialmente, o pedido foi encaminhado a Braga Netto que sugeriu recorrer ao PL, e Cid disse que pensava que o intuito era manifestações apoiadas pelo exército nas frentes dos quartéis. Contudo, o tesoureiro do partido teria recusado a solicitação.

Diante da negativa, Braga Netto decidiu providenciar os valores por conta própria.

"Trouxe uma quantia de dinheiro, que eu também não sei precisar quanto foi, (...)Eu recebi esse dinheiro, no Palácio da Alvorada (...)estava em uma caixa de vinho. (...)Depois, se bobiar, no mesmo dia, eu passei para o major de Oliveira."

"Na época, parecia legítimo"

A defesa de Braga Netto questionou o motivo pelo qual o episódio só foi mencionado por Cid mais de um ano após os fatos. Em resposta, o militar afirmou que, inicialmente, não viu relevância penal na entrega da quantia, pois entendeu que se tratava de apoio logístico a manifestações então vistas como legítimas:

"Isso, para mim, estava dentro de um contexto de manifestação que era, teoricamente, dentro do que o Exército aceitava e até a Justiça, legal e legítima, tinha apoio dos militares. Tudo o que foi tratado, para mim, estava sendo direcionado àquelas manifestações."

Somente após a deflagração da Operação Punhal Verde e Amarelo, no final de 2024, ele teria percebido o caráter sensível do episódio.

Ao ser confrontado por Alexandre de Moraes a respeito da normalidade de um ex-ministro entregar dinheiro vivo em caixa de vinho, Cid respondeu: "Normal não seria, mas, naquele contexto das manifestações nas frentes dos quartéis, muita gente vindo, muita gente apoiando, eu não vi ali nada demais. (...) Não vi, naquele momento, como algo de hipótese criminal."

Omissão por abalo emocional

O tenente-coronel reconheceu que omitiu esse episódio em depoimentos anteriores, prestados em 11 e 19 de março de 2024. Ele justificou a omissão afirmando que, na época, estava emocionalmente abalado pelas prisões de aliados e amigos próximos.

"Na verdade eu naõ falei naquele dia na PF porque tinha sido logo o dia da prisão, então eu fiquei muito abalado alí na hora. Então eu não consegui reagir e botar as ideas no lugar para entender o que estava acontecendo. Eu tinha uma ideia pré-concebida do que estava acontecendo, e aí tudo mudou. Pessoal preso, amigos meus."

Mauro Cid também afirmou não ter tido qualquer participação ou conhecimento prévio sobre a chamada "Operação Punhal Verde e Amarelo", plano investigado por supostamente envolver militares em articulações golpistas após o segundo turno das eleições presidenciais de 2022.

Financiamento pelo agro

Questionado pelo ministro Alexandre de Moraes sobre seu eventual envolvimento no planejamento da ação, Cid respondeu de forma categórica: "Não, senhor". Segundo ele, só tomou conhecimento da operação por meio da imprensa, no dia em que houve a prisão de militares envolvidos. "Inclusive meu nome nem constava naquele gabinete de crise que foi criado", acrescentou, negando ter feito parte de qualquer núcleo de coordenação.

Ainda durante o depoimento, o ex-ajudante de ordens foi questionado sobre a origem dos recursos utilizados para manter a estrutura das manifestações em frente a quartéis do Exército. 

Cid afirmou desconhecer a fonte precisa do dinheiro, mas disse que, à época, havia uma percepção de que empresários do agronegócio estariam colaborando com os protestos.

 "Provavelmente pelo o que agente sentia alí, até das manifestações, era o pessoal do agronegócio que estava, de alguma forma, ajudando a manter as manifestações na frente dos quartéis. Na minha percepção, naquele primeiro momento, essa foi a minha ideia principal."

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