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Kids pretos

Mauro Cid diz a Moraes que militares o xingaram em reunião

Tenente-coronel confirmou críticas ao ministro durante encontro de grupo de militares, mas negou articulação golpista.

Da Redação

segunda-feira, 9 de junho de 2025

Atualizado às 21:49

Durante depoimento prestado nesta segunda-feira, 9, Mauro Cid confirmou que ministro Alexandre de Moraes foi alvo de críticas e xingamentos em reunião de grupo informalmente conhecido como "kids pretos", formado por militares das forças especiais.

Questionado diretamente por Moraes sobre o conteúdo da reunião, Cid se limitou a responder: "O senhor foi muito criticado."

O ministro, por sua vez, reagiu com ironia: "Só? O senhor tem que falar a verdade". Em seguida, em tom descontraído, disse: "Eu estou acostumado".

Pressionado a explicar o que mais se dizia sobre o ministro, o ex-tenente reconheceu: "As pessoas criticavam muito o senhor. As mesmas críticas que o senhor recebe, os mesmos xingamentos, de certa forma, passaram por ali."

Mesmo negando qualquer articulação de golpe ou elaboração de minuta no encontro, Cid confirmou que houve ofensas pessoais: "Tinha, sim, xingamentos. 'Esse cara é um desgraçado', coisas que o senhor já ouviu bastante, inclusive fotos de figurinha, memes, essas coisas."

Confira o momento: 

"Reunião de amigos"

Mauro Cid detalhou os bastidores de reunião realizada em 28 de novembro de 2022, no salão de festas de um prédio residencial na Superquadra Norte 305, Bloco I, em Brasília.

O encontro reuniu militares com formação em forças especiais, em meio ao clima de tensão institucional após o resultado das eleições presidenciais.

Questionado por Paulo Gonet sobre o objetivo e a composição do grupo, Cid afirmou que a reunião teve caráter informal e surgiu a partir de uma tradição entre militares egressos de cursos como Forças Especiais, Guerra na Selva, Paraquedismo e Educação Física - conhecidos internamente por manterem vínculos duradouros.

Segundo ele, esses encontros ocorriam mensalmente em Brasília, e aquele dia específico foi aproveitado por haver mais militares na capital Federal.

"Era um grupo de amigos que serviram juntos por muitos anos, reunidos para conversar. Claro que o tema da conjuntura política apareceu, mas não houve ata, pauta formal ou qualquer plano de ação", disse Cid.

Ele negou que tenha havido convocação restrita por motivações estratégicas, explicando que o perfil dos participantes refletia vínculos pessoais, e não uma estrutura organizada.

Apesar disso, Cid reconheceu que a conversa girou em torno das manifestações nas portas dos quartéis e da incerteza institucional que marcava o período.

"Alguns diziam que tinha que pedir intervenção, outros que deveria pressionar o Congresso, e outros criticavam o silêncio das Forças Armadas. Foi um ambiente de opiniões divergentes, com discursos que iam do conservador ao radical, mas sem articulação prática", relatou.

O tenente-coronel afirmou que os presentes também buscavam entender o cenário político e as posições de generais e autoridades próximas do então presidente Jair Bolsonaro.

"Havia muito boato, muita fake news em grupos de WhatsApp. Qualquer deslocamento de tropa era interpretado como o início de uma ação. As pessoas estavam tentando entender o que realmente estava acontecendo."

Cid enfatizou que, apesar do tom político da conversa, a reunião não resultou em mobilizações nem planos concretos. "Não houve planejamento, nem coordenação. E muitos dos militares ali presentes sequer ocupavam cargos de comando, estavam em funções secundárias ou fora de Brasília", concluiu.

O réu foi questionado por Gonet a respeito de mensagens trocadas com o coronel Corrêa Neto logo após a reunião de militares realizada no dia 28 de novembro de 2022, em Brasília.

Em um dos diálogos, Cid pede que sejam enviadas "as observações", ao que Corrêa Neto responde: "Apaguei essa parada. Não combinamos de apagar?"

No dia seguinte, o interlocutor sugere: "Depois a gente se fala por ligação."

As mensagens foram recuperadas pela PF, apesar de terem sido excluídas dos dispositivos. Gonet questionou Cid sobre o conteúdo desses tópicos, o motivo do pedido de exclusão e se a conversa havia continuado por outro meio, conforme sugerido.

Cid afirmou não se lembrar de ter solicitado qualquer anotação ou registro da reunião.

"Realmente eu não me recordo de ter pedido para ele nenhuma anotação de ideias que foram levantadas", disse.

Ele também não soube precisar se chegaram a conversar por telefone posteriormente, mas admitiu manter contato frequente com Corrêa Neto, a quem descreveu como amigo de longa data.

Segundo o militar, era comum entre os envolvidos o receio de que mensagens trocadas por aplicativos de celular fossem mal interpretadas, principalmente aquelas que refletiam opiniões mais radicais sobre o cenário político. "As pessoas tinham muito medo de que alguma coisa escrita no WhatsApp pudesse virar uma narrativa e ser mal interpretada. Todo mundo queria apagar mensagens ou pedir para continuar a conversa pelo Signal, pelo Telegram", afirmou.

Cid explicou que o ambiente da época era de forte tensão e insegurança quanto à confidencialidade das comunicações.

"O medo era de que uma ideia, mesmo que não fosse articulada, pudesse ser usada fora de contexto. Então havia esse cuidado de apagar mensagens e migrar para aplicativos considerados mais seguros."

Apesar de admitir que os temas tratados na reunião envolviam questões políticas e institucionais, o tenente-coronel reafirmou que não houve deliberação formal ou planejamento.

"Eram opiniões soltas, cada um falando o que pensava, sem estrutura de comando ou objetivo claro", concluiu.

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