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Ramagem nega uso da Abin para espionar ministros do STF e TSE

Deputado Federal e ex-diretor da Abin afirma que não ordenou monitoramentos.

9/6/2025

Durante interrogatório conduzido pelo ministro Alexandre de Moraes nesta segunda-feira, 9, no STF, o ex-diretor da Abin - Agência Brasileira de Inteligência e atual deputado Federal Alexandre Ramagem negou acusações de ter usado a estrutura da agência para vigiar ilegalmente magistrados do STF e do TSE na gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro.

Réu na ação penal que apura suposta tentativa de golpe de Estado, Ramagem negou qualquer envolvimento em ações de monitoramento de autoridades.

"Nunca utilizei monitoramento algum pela Abin de qualquer autoridade. Ao contrário do que foi colocado em comunicação, nós não tínhamos a gerência de sistemas de monitoramento", afirmou.

Questionado sobre o uso do sistema de espionagem conhecido como FirstMile, apontado pela PF como ferramenta usada em operações ilegais de vigilância, Ramagem alegou que a tecnologia foi desativada pela Abin em 2021 — período anterior ao que consta nas apurações da PF.

"É mais uma indução a erro do juízo pela Polícia Federal. Mesmo assim, eles [investigadores] colocaram no relatório da PF. Com certeza, para empurrar o Ramagem para essa questão de golpe indevidamente", criticou.

O ex-diretor também negou ter fornecido ao então presidente arquivos contendo argumentos para questionar a segurança das urnas eletrônicas nas redes sociais.

Segundo ele, os textos escritos eram particulares e não foram encaminhados oficialmente a Bolsonaro.

"Eu escrevia textos privados que me concatenavam alguma ideia para, se possível, em algum momento, ter algum debate", disse.

No STF, Alexandre Ramagem negou uso da Abin para espionar ministros do STF e TSE.(Imagem: Fellipe Sampaio/STF)

Quem mais prestará depoimento?

Além de Ramagem e de Mauro Cid - ouvidos nesta segunda-feira, 9 - os outros acusados serão interrogados, por ordem alfabética, sempre a partir das 9h.

Os interrogatórios ocorrerão na sala de sessões da 1ª turma do STF, com exceção do general da reserva Walter Braga Netto, que participará por videoconferência - ele está preso desde dezembro de 2024, acusado de obstruir a investigação e tentar obter informações sigilosas da delação de Cid.

Durante as oitivas, tanto o procurador-geral da República, Paulo Gonet, quanto os advogados de defesa poderão formular perguntas aos depoentes. Os réus têm o direito constitucional de permanecer em silêncio diante de perguntas que possam levar à autoincriminação.

Ao longo da semana, serão ouvidos:

Todos os réus respondem pelos crimes de organização criminosa armada, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, tentativa de golpe de Estado, dano qualificado pela violência e grave ameaça e deterioração de patrimônio tombado.

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